sexta-feira, 25 de julho de 2014

AO COLONO E O MOTORISTA

Companheiros me dão licença,
Pois, preciso lhe falar,
A todos peço desculpas
e a vocês quero lembrar.
Hoje é um dia muito importante,
Para nós comemorar,
Ao colono e o motorista
Uma mensagem eu vou deixar.

Não sou nem um poeta,
Mas aproveitei a oportunidade.
Nesses versos mal rimados
falar pra toda a sociedade
aos que semeiam e cultivam os produtos
pra nossa alimentação
e a quem transporta a colheita
em qualquer canto da nação.

A você, que planta o trigo e a mandioca
Batata, arroz e feijão,
Soja, milho, laranja,
Verduras, frutas e algodão.
Industrializa a banha e a carne,
A erva o leite e o pão,
chapéu, queijo e ovos,
Açúcar, lenha, carvão.

Este roceiro que vive do chão
Tirando o fruto da terra,
Arando recostas com pedras,
Colhendo em vargens e serras.
Arriscando com as natureza
Granizos, enchentes e estiagem,
Sem contar das outras pragas,
E os intermediários que levam vantagem.

De teus braços saem muitos frutos,
E materiais diversificados,
Transformam os teus produtos,
Depois vão para o mercado.
Teu trabalho não é reconhecido
Pelos nossos governantes
E deixam também sem saída
Os trabalhadores ambulantes.

Esses são os motoristas,
Que vivem na estrada
Se emocionam na saida
E já ansiosos pra chegada,
Caminhoneiro de coragem
Mantendo a sua profissão
Se saudade fosse volume
Já dava a carga do caminhão.

Transporta produtos tóxicos,
Medicinais e de alimentação,
inflamáveis e engarrafados
materiais de construção.
Carrega eletrodoméstico,
Até mesmo confecções,
Em asfaltos, estrada de terra
Na cidade, roça ou sertão.

Distante de suas famílias,
Mais longos ficam os dias,
Lembra da esposa e filhos
E chora de alegria.
Abraçado no volante
Com muita presa de chegar,
Mas quando a carga é pesada
Não adianta acelerar.

Pedimos a São Cristóvão
Essas duas categorias abençoar,
São dependentes um do outro
Pra poder se sustentar.
O frete do caminhoneiro
Depende da safra da produção,
Devemos unir nossas forças
Pra mudar essa Nação.

Clairton Buffon, Quilombo- SC, Julho de 1996

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Morre, aos 87 anos, o escritor e dramaturgo Ariano Suassuna


 


"É muito difícil você vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos."

Ariano Suassuna


Morreu nesta quarta-feira (23), aos 87 anos, o escritor e dramaturgo Ariano Suassuna. Ele deu entrada no Real Hospital Português na noite de segunda-feira (21), quando recebeu diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico e foi submetido a uma cirurgia. Estava internado em coma, e respirava com a ajuda de aparelhos. De acordo com o boletim médico, Suassuna morreu às 17h15, depois de uma parada cardíaca. Sua obra mais conhecida, O Auto da Compadecida, falava poeticamente a definição da morte: "Cumpriu sua sentença e encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca de nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo morre".
Em 2013, Suassuna havia sofrido um infarto agudo do miocárdio, no dia 21 de agosto. Foi internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Português, no Recife, e recebeu alta no dia 27, mas dois dias depois teve um mal estar e voltou à unidade médica, onde ficou internado por mais uma semana. O tratamento do escritor continuou em casa, nos 30 dias que se seguiram.

Vida e obra
Ariano Suassuna ocupava a cadeira número 32 da Academia Brasileira de Letras desde 3 de agosto de 1989 e exercia o cargo de secretário da Assessoria Especial do Governo de Pernambuco. Nascido na cidade de Paraína, atual João Pessoa (PB), ele passou os primeiros anos de sua vida no sertão nordestino, na Fazenda Acauhan, e se mudou com a Família para Taperoá em 1933, após perder o pai, João Suassuna, morto por motivos políticos.
Foi nesta cidade que Suassuna começou a estudar e assistiu pela primeira vez a uma peça de mamulengos e um desafio de viola. A improvisação daquelas apresentações se tornaria, mais tarde, uma das marcas registradas em suas obras teatrais.
Na década de 1940, Ariano Suassuna passou a viver no Recife, cursou Direito e conheceu Hermílio Borba Filho, com quem fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Sua primeira peça foi Uma Mulher Vestida de Sol, de 1947. Se formou em 1950 e chegou a exercer a advocacia, mas nunca deixou de escrever teatro. Em 1955 fez o Auto da Compadecida, que o projetou para todo o país e ganhou versões para a televisão e o cinema.
Em 1956, Suassuna passou a ser professor de Estética da Universidade Federal de Pernambuco - atividade que exerceu até 1994, quando se aposentou. Três anos depois, fundou, também ao lado de Hermílio Borba Filho, o Teatro Popular do Nordeste.
Uma de suas maiores contribuições para a cultura brasileira foi a idealização do Movimento Armorial, que visa e desenvolver o conhecimento das formas de expressão populares tradicionais e, a partir delas, criar uma arte erudita. A Literatura de Cordel é tida como a bandeira do movimento. Para o dramaturgo, os versos tradicionais nordestinos eram a manifestação artística mais completa da cultura popular brasileira. "No folheto (de cordel) se condensam três artes: a literatura, através da poesia narrativa que tem lá, uma arte plástica, porque a gravura da capa pode apontar um caminho pras artes plásticas do Brasil, e a música porque aquilo é cantado, e acompanhado normalmente por viola e rabeca", afirmava.
http://www.ebc.com.br/cultura/2014/07/morre-aos-87-anos-o-escritor-e-dramaturgo-ariano-suassuna